A Revolta do Pina.

 

Alguns acham que é vandalismo e depredação, sem essência e sem conteúdo, mas para outros é uma atitude bastante considerada.

Há mais ou menos seis meses, o grupo 100 Parar organizou um evento no bairro do Pina, o PINART. O evento, um encontro de vários grafiteiros do Recife com o intuito de realizar uma produção em um muro da avenida Domingos Ferreira,  aconteceu legalmente e com a devida autorização dos proprietários dos imóveis. Vinte e cinco artistas se reuniram por livre e espontânea vontade, sem nenhum patrocínio, com o objetivo de levar arte para um bairro paisagisticamente monótono e privilegiado. O evento foi ótimo, a pintura aconteceu naturalmente, sem qualquer tipo de problema e o mais importante: Foi muito apreciado pelos moradores do local e pelos transeuntes. O muro, que é recuado em relação à avenida, formando um grande terreno aberto ( repare no vídeo), pouco mais de um mês depois da realização do PINART foi pintado totalmente de branco para um Feirão de Carros da Autonunes, sob o consentimento e o pagamento dos proprietários, os mesmos que autorizaram o evento de graffiti recentemente.

Bom, eu entendo que algumas (MUITAS) pessoas não têm conhecimento sobre a graffitagem ou apenas por uma questão de estética não gostam de nossas intervenções. Mas não entendo como alguém pode fazer algo tão desrespeitoso como esse. Mais uma vez o fator lucro falou mais alto. Será que não seria possível realizar o Feirão preservando a pintura no muro? Acredito que ficaria até mais atraente. Ou se preferissem poderiam revestir o muro com algum tipo de lona ou tecido. Acredito que nem pensaram nessas possibilidades, pois, afinal de contas, não importa o que tinha no muro, eles o preferiram  branco e sem vida. O que também nos deixa indignados (as) é o fato de que o Feirão não durou nem um mês.

O vídeo acima foi o registro de um ato de manifesto de alguns dos grafiteiros que participaram do PINART. Em pleno dia, na cara dura, os artistas picharam todo o muro e colocaram a frase  “ O graffiti na parede representa o meu direito”. Eu não picho, por questões pessoais, mas nesse caso me admirei com o protesto. Pelo visto, agora sim o proprietário tem motivos para pintar o muro.

Infelizmente, o ato acabou com a prisão dos grafiteiros. Felizmente, o movimento artístico de Recife mostrou que está buscando seu espaço e que merece respeito. Um Grande Abraço para todos do 100 Parar, da APC e da EZO. 

 

Abraços,

Azul de Barros